22.10.09

gramática da vida

pela preguiça de escrever
pelo medo de dizer.
pela boca atrolhada de sons que combinados,
não fazem sentido algum.
pelas vozes na minha cabeça que gritam em tons diferentes
pelos rabiscos nos meus olhos que o mundo proporciona
pela zombaria de tantos sons, espalhados em cacofonias sem fim.
pela fonte da imaginação: as letras.
pela atividade da fala que tenta pronunciar sentidos inexistentes em fonemas perdidos.
pela velocidade do som, que tenta exprimir todas as palavras ao mesmo tempo, apenas pra dizer: eu te amo.
pela coincidência das línguas como termo nato à natureza do homem.
pela magnitude por excelência da capacidade da decodificação.

pelo bom entendimento das letras por elas mesmas,
demos as mãos como elas e tentemos fazer algum sentido, nessa semântica inútil que é o mundo.

[rafa tem ares de poeta quando procrastina sem parar. pensa que isso vai aliviá-lo de tamanha culpa por deixar para amanhã o que poderia estar fazendo neste momento que vos fala.]

12.10.09

das pessoas

a semana foi cheia de percalsos e indecisões. houve sim, algumas arrumações, porém tudo sempre tão esquisito e chacoalhante como sempre. são perguntas de um lado, pedidos de outro e um silêncio mortal num dos pontos importantes. me pergunto o por quê?
eu sempre procuro entender a irritação alheia. tento mesmo. sou daquele tipo que se irrita e muda de humor (bem) constantemente, logo me coloco sempre nos "shoes" alheios e me vejo na situação. quando os amigos dizem que a intimidade gera falta de respeito, acredito, olho pra cima, conto até dez e dou risada. é a melhor forma de entender alguém gritando na rua sobre qualquer coisa. depois vem sempre aquele pensamento: cada um, cada um e nada mais. bem nessas, honey. meu ponto de equilíbrio não necessariamente é o seu ponto de equilíbrio. quero tanto reconhecimento quanto. penso e me chateio às vezes como um "erro" nunca pode ser relevado, enquanto eu relevo tantas coisas irritantes e que me fariam pior se eu não relevasse...
mudando de assunto, ao mesmo tempo que vivo nesse silêncio constante, percebo que certas pessoas vem (e muito) a calhar com seus custumes e seus defeitos. seus gostos e indiferenças. suas caras e bocas que me dão dor na barriga de tanto rir.
passam a mudar a tua própria rotina sem mais nem menos. e o mais interessante: sem esforço algum. eu sempre fui um 'cagão' pra mudanças (ladies, desculpem o termo), porém essas mudanças são tão fáceis de fazer que a gente nem percebe que as estamos fazendo. aí vem a parte das conversas intermináveis junto com silêncios enigmáticos que falam muito sobre a cor dos olhos, o desenho da boca, aquela marquinha no rosto que só a gente percebe e acha linda. passamos ao estágio das mãos serem animais velozes e carentes, precisando o tempo todo serem preenchidas pela pele e corpo do outro. então pulamos pra fase vivência em sociedade, fora das quatro paredes. e tudo é lindo, o mundo parece mais colorido e quentinho e confortável e interminável, afinal é tudo compartilhado e sempre há a certeza de um sorriso na tua direção. vem a sensação de completude e nada mais importa, só o alguém ao nosso lado.
"dá pra ficar assim pra sempre?" queria eu responder com firmeza que sim. se fosse possível, eu viveria de sol pra não precisar sair jamais daquela posição.
por fim, eu chego em casa e só queria não ter voltado. o que eu deixei pra trás me dá muito mais segurança do que o que está por vir...


[rafa expõe seus sentimentos mais profundos em relação a todas as pessoas as quais ama, se importa e sente falta. dá a cara a tapa por aqui sempre que acha mais que necessário.]

6.10.09

instantânea

veste a camisa, dá o chute inicial e corre pro abraço no final.

infelizmente, no final, é tudo que nem futebol mesmo...

[rafa compreende que a vida é uma safada e prega muitas peças. se diverte por aqui quando sente uma onda grande vindo por aí pra transformar tudo.]