7.9.09

debaixo do ipê

e foi ali, junto do pé de ipê, ouvindo cássia eller dizer:

‘mudaram as estações, nada mudou

mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim, tão diferente

se lembra quando a gente, chegou um dia a acreditar

que tudo era pra sempre, sem saber

que o pra sempre, sempre acaba.

mas nada vai conseguir mudar, o que ficou

quando penso em alguém, só penso em você

e aí, então, estamos bem.

mesmo com tantos motivos, pra deixar tudo como está

nem desistir nem tentar agora, tanto faz

estamos indo de volta pra casa.’

olhei pra ela e disse: ‘eu sou feliz.’

saiu bem espontâneo. assim mesmo. simples, direto, reto. continuei: ‘é, mesmo com toda a minha vida corrida, cheia de percalsos e coisas do gênero, eu estou feliz nesse momento. faço aquilo que eu gosto, que me deixa feliz.’

infelizmente não falei as outras milhares de coisas que passavam pela minha cabeça. eu ouvia a música, abraçava-a, olhava a paisagem à minha frente e sentia uma enorme vontade de chorar. e não era pra ser um choro de tristeza. tinha mais aquilo como um choro de alívio.

me sentia feliz e completo naquele momento. me senti como se eu estivesse no futuro que eu sempre quis durante a vida. um domingo de sol, com pessoas queridas, rindo, analisando, vivendo. aquilo me encheu de plena certeza: certeza de que eu tinha tudo o que eu queria. eu tinha amigos, eu tinha família, eu tinha amores, eu tinha vida.

continuamos eu e fulaninha conversando sobre muitos assuntos. comentando a vida alheia. estávamos nos divertindo. e aquilo me deixava com um senso de prazer indescritível.

eu pensava em correr pra casa e escrever muito mais sobre aquele domingo de sol, debaixo do ipê. mas minhas aulas de leitura e escrita na faculdade me deixaram bem esclarecido que por mais que eu, autor, tente escrever exatamente aquilo que eu sinto, jamais irei conseguir escrever o que eu realmente queria ter escrito, e o que sai da minha cabeça, não retorna mais e jamais será tão bom quanto ele estava lá dentro. concretizei em partes o meu sentimento escrevendo o que passou.

pra alguns, algo totalmente banal. pra mim, de repente um dia de mudança na minha vida.

[rafa agradece todos os dias por ter conhecido fulaninha e por ter a vida que tem. lamenta-se pela falta de criatividade na hora de escrever o que sente por aqui, sempre que acha importante mostrar ao mundo que tudo pode melhorar. esperança.]

3 comentários:

alice disse...

"olhava a paisagem à minha frente e sentia uma enorme vontade de chorar"

sentimentos 'exatamente'iguais. um tanto assustador as vezes né?!

um viva aos óculos de sol! e aos domingos

Ci disse...

Ai q coisa boa esses momentos em que a vontade de chorar vem e não é de tristeza...

Topo o mate... pelo visto tem bastante assunto, né?!

Beijoo

Rafael disse...

ô, se tem!